domingo, 22 de novembro de 2015

Chega-te a paz do teu quintal?

Adiei esta crónica pois pensava escrever novamente sobre a situação do país. Afinal a situação Mundial mudou dramaticamente e por isso, optei por abordar a temática do terrorismo.

E começo precisamente por lançar uma crítica à minha própria expressão. Será que a situação Mundial mudou dramaticamente? Ou mudou apenas ligeiramente junto ao nosso umbigo e nós é que estamos a dramatizar?

Provavelmente um pouco de ambos.

A nossa sociedade actual é extremamente egoísta.

Não só individualmente como tantas vezes apregoamos nas redes sociais. Também o é enquanto sociedade.

Existem problemas dramáticos um pouco por todo o Mundo. Fome em África, Guerra no Médio Oriente, Trabalho Infantil na Ásia, Atentados ao Património Natural na América do Sul... E o pior é que estes problemas nem sequer são tão localizados como esta frase o faz parecer.

No entanto, a nossa sociedade muito centrada na relação bicéfala América do Norte/Europa limita-se a atirar pontualmente umas migalhas para resolver esse problema e se sentir moralmente confortável, depois seguimos viagem no nosso automóvel, com peças construídas por crianças, movido a um combustível explorado à custa de vidas humas e poluindo um pouco mais o ar que é suposto ser de todos.

Pois bem, esta semana essa falta de consciência bateu-nos à porta.

Longe de mim apoiar a causa do Daesh. Mas somos culpados pelo crescimento do Daesh. Culpados pelo financiamento, apoio e recursos que eles conseguiram directa ou indirectamente dos nossos governos. Somos culpados pela forma como criamos uma causa para o Daesh defender sem parecerem apenas um bando de fanáticos sem escrupúlos. E somos culpados porque sempre que uma pessoa passa por dificuldades, na Europa, em África ou em qualquer outra parte do Mundo, essa pessoa é muito mais passível de ser recrutada por grupos extremistas.

Enquanto na nossa cabeça, na nossa opinião, na nossa moral e no nosso mural, 130 mortes em França continuarem a ser mais importantes do que milhares de mortes na Síria, no Líbano, na Nigéria, no Quénia, na Líbia, na Somália, no Sudão, no Sudão do Sul, no México, na Colômbia, na Indía, no Tibete ou em qualquer parte do Mundo vamos continuar a ser parcialmente culpados pelos atentados terroristas em solo Europeu.

Que as nossas intenções estejam com a Paz Mundial e não com a Paz no Nosso Quintal, porque enquanto nos contentarmos com a segunda não seremos dignos de nenhuma das duas.


Luis Bernardo Valença

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Quem é o legítimo "herdeiro"?

O objectivo desta primeira crónica passava por uma mera apresentação do blog e da minha personagem.

No entanto, é impossível deixar de abordar o tema do momento.

Quem é o legítimo "herdeiro"?
Pedro Passos Coelho e a primeira dama Paulo Portas? Ou António Costa e as primeiras damas Catarina Martins e Jerónimo de Sousa?
Vejo o Parlamento como um orgão representativo e eleito democraticamente.  Como tal este orgão deve representar a maioria dos portugueses, bem como respeitar a vontade popular. 
Posso discutir os moldes actuais de eleição dos deputados da Assembleia da República, do qual pessoalmente discordo, mas não o farei nesta crónica. Postas as regras actuais a representação que temos é a que o Povo português quis e aquela com que se sente representado. 107 deputados da PaF. 86 deputados do PS. 19 deputados do BE. 17 deputados da CDU e 1 deputado do PAN. São estes os números.

A PaF vence enquanto maior força partidária, a esquerda tem a maior representação.

Como pode ser formado um Governo nestas condições?
De muitas formas. E todas elas com vantagens e desvantagens.

É possível e permitido ter um governo minoritário liderado pela PaF. Neste caso o Primeiro Ministro seria Pedro Passos Coelho e a governação teria de ser feita mais à direita ou mais à esquerda dependendo dos casos e da tolerância da oposição.

É possível e permitido ter um governo de coligação entre a PaF e o PS, entre a PaF e o BE e entre a PaF e a CDU. Os dois últimos não são considerados seriamente devido às conhecidas divergências ideológicas de BE e CDU com os partidos mais à direita do espectro político, neste caso o PSD e o PP. A coligação entre PaF e PS foi a grande aposta da PaF para conseguir a estabilidade pretendida para governar.

É possível e permitido ter um governo à esquerda entre PS, BE e CDU. E nestas circunstâncias excepcionalmente o Primeiro Ministro não sairá do partido mais votado nas eleições. Não é inédito na Europa. É inédito em Portugal. 
Nota: Não incluí em nenhuma das opções o PAN por não fazer diferença matemática. Não quero com isto desvalorizar o deputado que o PAN conseguiu eleger.

Agora as questões que se colocam são:

Qual das 3 opções referidas é a melhor?

Qual das 3 opções referidas é a melhor para Portugal?
E sobre a primeira a minha opinião é clara. A governação não tem de ser maioritária. A governação deve ser entregue ao partido mais votado para governar segundo as ideias que reúnem maior consenso na Assembleia da República. Em Portugal isto representaria um Governo liderado por Pedro Passos Coelho com traços mais à esquerda do que o programado. Do outro lado, o PS, o BE, a CDU e o PAN seriam responsáveis por fazer oposição construtiva. Aprovando (com votos a favor ou abstenção) as medidas que considerem toleráveis. E rejeitando com voto contra as medidas que pensem ser completamente desadequadas.

A segunda pergunta é mais complicada e é provavelmente a chave para esta situação. Em Portugal. Em Portugal fazer oposição, seja quem for que a faz, é tipicamente destruição e raramente construção. Quando assim é, as maiorias tornam-se um refúgio. Os acordos, arranjos, compadrios e favores assumem uma importância fundamental. E aqui entra um dado fundamental. A Assembleia da República é uma representação do Povo, ou de quem tem mais deputados? É que a segunda hipótese deixa no ar a ideia que os deputados podem fazer o que querem em prol dos interesses do seu "clube". E esse é o perigo. 

Senhores deputados da PaF, do PS, do BE, da CDU e do PAN, se querem simplesmente dizer e fazer tudo o que vos apetece e convém, esqueçam a Assembleia da República. Sigam o nosso exemplo. Criem um blog.
Luis Bernardo Valença

Apresentação - Liliano Caneças

Liliano Caneças, um jovem adulto de baixa estatura com um rosto a fugir para o feio, ainda assim não deixa de ter um penteado bastante aperaltado. Rabugento e rezingão, como uma mulher com TPM, tem sempre uma opinião a dar sobre qualquer tema, como uma mulher com e sem TPM. Por vezes torna-se um filósofo que vagueia pelos mais profundos temas, como o porquê de o homem ter mamilos ou o que farão as pessoas com o tempo livre que poupam a escrever 'k' em vez de 'que.

Como qualquer jovem com óculos, foi vitima de bullying e isso o tornou num impiedoso cronista, sem papas na língua para falar mal de qualquer gandulo que, no recreio, rouba o lanche aos mais frágeis, como faz o governo com os velhinhos.


Capaz de criar as mais absurdas teorias, Luciano, vive por vezes num mundo paralelo ficcionado pelo irracional pensamento sem sentido. Com ideologias comunistas, a única direita que gosta é a sua pequena mão. Devoto às artes, é da opinião que as músicas da Katy Perry têm tanto de arte como a ditadura chinesa de comunismo, ainda assim sabe que tudo se vende com o rótulo que se quer para as grandes massas, basta o dinheiro querer.



Apresentação - Luís Bernardo Valença

Este cronista inspirou o seu nome na personagem homónima do romance Equador de Miguel Sousa Tavares. Nesse livro Luís Bernardo Valença é uma personagem de classe média que é desafiado pelo Rei a viajar para S. Tomé e Princípe. Luís Bernardo é galã, um boémio, e politicamente é um moderado. Não sendo um monárquico ou republicano assumido uma vez que identifica os problemas como sendo mais profundos e estruturais do que meramente ideológicos. 

Neste blog o Luís Bernardo Valença será isso mesmo. Moderação, ponderação, sensatez, convicção, sensibilidade, sedução. Luís Valença é um "bon vivant" não só disposto a utilizar este blog para partilhar opiniões mas também experiências que o leitor poderá vislumbrar através das imagens criadas pelas palavras do autor.