E começo precisamente por lançar uma crítica à minha própria expressão. Será que a situação Mundial mudou dramaticamente? Ou mudou apenas ligeiramente junto ao nosso umbigo e nós é que estamos a dramatizar?
Provavelmente um pouco de ambos.
A nossa sociedade actual é extremamente egoísta.
Não só individualmente como tantas vezes apregoamos nas redes sociais. Também o é enquanto sociedade.
Existem problemas dramáticos um pouco por todo o Mundo. Fome em África, Guerra no Médio Oriente, Trabalho Infantil na Ásia, Atentados ao Património Natural na América do Sul... E o pior é que estes problemas nem sequer são tão localizados como esta frase o faz parecer.
No entanto, a nossa sociedade muito centrada na relação bicéfala América do Norte/Europa limita-se a atirar pontualmente umas migalhas para resolver esse problema e se sentir moralmente confortável, depois seguimos viagem no nosso automóvel, com peças construídas por crianças, movido a um combustível explorado à custa de vidas humas e poluindo um pouco mais o ar que é suposto ser de todos.
Pois bem, esta semana essa falta de consciência bateu-nos à porta.
Longe de mim apoiar a causa do Daesh. Mas somos culpados pelo crescimento do Daesh. Culpados pelo financiamento, apoio e recursos que eles conseguiram directa ou indirectamente dos nossos governos. Somos culpados pela forma como criamos uma causa para o Daesh defender sem parecerem apenas um bando de fanáticos sem escrupúlos. E somos culpados porque sempre que uma pessoa passa por dificuldades, na Europa, em África ou em qualquer outra parte do Mundo, essa pessoa é muito mais passível de ser recrutada por grupos extremistas.
Enquanto na nossa cabeça, na nossa opinião, na nossa moral e no nosso mural, 130 mortes em França continuarem a ser mais importantes do que milhares de mortes na Síria, no Líbano, na Nigéria, no Quénia, na Líbia, na Somália, no Sudão, no Sudão do Sul, no México, na Colômbia, na Indía, no Tibete ou em qualquer parte do Mundo vamos continuar a ser parcialmente culpados pelos atentados terroristas em solo Europeu.
Que as nossas intenções estejam com a Paz Mundial e não com a Paz no Nosso Quintal, porque enquanto nos contentarmos com a segunda não seremos dignos de nenhuma das duas.
Luis Bernardo Valença
Sem comentários:
Enviar um comentário